domingo, 14 de novembro de 2021

couro cru & carne viva

  I


O DIA EM QUE MEU CAVALO

RESOLVEU PINTAR AS CORES DA BANDEIRA

 

A PÁ LAVRA

ARMA A POESIA 


TERRA DE SANTA CRUZ

 

ao batizarem-te

deram-te o nome:

 

posto que a tua profissão

é abrir-te em camas

e dar-te em ferro

                      ouro

                      prata

 

rios, peixes, minas, mata

 

deixar que os abutres

devorem-te na carne

o derradeiro verme 

 

IN(CONFIDÊNCIA MINEIA)

 

sal gado mar de fezes

batendo nas muralhas

do meu sangue in(confidente)

 

quem botou o branco

na bandeira de alfenas

só pode ser canalha

 

na certa se esqueceu

das orações dos penitentes

e da corda que estraçalha

com os culhões de Tiradentes

 

RETÓRICA

 

salve lindo pendão que balança

entre as pernas

abertas da paz

 

sua nobre sifilítica

                                herança

dos rendez-vous

de impérios atrás

 

TROVA

 

MEU coração é tão hipócrita

que não janta

                       e

                        mais imbecil

que ainda canta

ou

    viram no Ipiranga

às margens plácidas

uma bandeira arriada

num país que não levanta

 


ECO LÓGICA

 

               fosse o brasil

mulher das amazonas

caminhasse passo a passo

disputasse mano a mano

 

guardasse a fauna e a flora

da fome dos tropicanos

ouvisse o lamento dos peixes

jandais araras e tucanos

 

não estaríamos assim condicionados

aos restos do sub-humano

 

TERCEIRO MUNDO

 

sonho rola no parque

sangue ralo no tanque

 

nada a ver com tipo dark

muito menos com punk

 

meu vício letal é baiafro

com ódio mortal de yanque

 

subVersão

 

só desfraldando

a bandeira tropicalha

é

que a gente avacalha

com as chaves dos mistérios

dessa terra tão servil

 

tirania sacanagem safadeza

 

tudo rima uma beleza

com a pátria mãe que nos pariu

 

                       PÁTRIA A( R)MADA

 

só me queira assim caçado

mestiço vadio latino

leão feroz cão danado

perturbando o seu destino

 

só me queira encapetado

profanando aqueles hinos

malandro moleque safado

depravando os seus meninos

 

só me queira enfeitiçado

veloz macio felino

em pelo nu depravado

em sua cama sol a pino

 

e só me queria desalmado

cão algoz e assassino

duplamente descarado

quando escrevo e não assino




Artur Gomes

NAÇÃO GOITACÁ

www.fulinaimagens.blogspot.com

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