FROYDI ANA
azul são os teus olhos
a cor dos pelos não conheço
teus seios ainda não toquei
dracena – é uma terra roxa
nave extra terrena
que humanos não decifraram
pequena vagina virgem
onde os dedos ainda não entraram
e os cachos de uvas
apodrecem nos teus dentes
com um cheiro de leite ardente
esguichando na distância
LUNÁTICA
um gato noturno
atira pedras nas estrelas
palavras e mais palavras
na carne da princesa
onde o papel não bate
onde o pincel não toca
o gato noturno lambe a barriga
bem perto da virilha
e trepa
no muro mais
próximo
tentando alcançar o outro lado da lua
em seu instante letal
de desespero e solidão
ALUCINAÇÕES
(IN)TERPOÉTICAS
O Que é que mora
em tua boca bia?
um deus um anjo
ou muitos dentes claros
como os olhos do diabo
e uma estrela como guia?
O Que é que arde
em tua boca bia?
azeite, sal, pimenta e alho
réstias de cebola
carne krua do caralho
um cheiro azedo de cozinha
tua boca é como a minha?
O Que é que pulsa
em tua boca bia¿
mar de eternas ondas
que covardes não navegam
rios de águas sujas
onde os peixes se apagam
ou um fogo cada vez mais Dante
como este em minha boca
de poeta delirante
nesta noite cada vez mais dia
em que acendo os meus infernos
em tua boca bia?
LENÇÓES
DE RENDAS
poderia abrir teu corpo
com os meus dentes
rasgar panos e sedas
com as unhas
arreganhar as tuas fendas
desatar todos os nós
de tua cama
arrancar os cobertores
rasgando as rendas dos lençóis
perpetuar a ferro e fogo
minha marca no teu útero
meus desejos imorais
maldizendo a hora soberana
com a força sobrehumana dos mortais
quando vens me oferecer migalha e fruto
como quem dá de comer aos animais
TROPICALHA
VENDO a lua leviana
no império das bananas
papagaios periquitos
graviola
a fruta eu chupo morena
semente eu planto cigana
na selva pernambucana
nossa língua deita e rola
FULINAIMICAMENTE
NAÇÃO GOITACÁ
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