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que já teceram alguma escrita
sobre a poética de Artur Gomes
Suor & Cio – Artur Gomes
A cor da pele, à flor da pele, tecido da pele, à flor da terra.
É o livro de Artur Gomes:
Suor & Cio, reconduz o homem a terra. Resgata o seu suor de homem e cio da terra. É tanto amor e o tanto amar homem terra homem.
Artur tem muito da característica de João Cabral, quando fala da terra, mundo: muito de Ledo Ivo na capacidade de reunir palavras e dizer algo, que as vezes, gostaríamos de gritar com todas as forças.
Poeta de fôlego de gato. Artur é uma das grandes expressões da atual poesia brasileira.
Hugo Pontes
Poços de Caldas-MG – 17 junho 1987
Poesia tropical, bagaço, engenherotrismo. É o novo livro de poemas de Artur Gomes, “Suor & Cio”, recém-lançado pela MVPB-Edições. O poeta funde um caldo de Brasil em versos densos e cabralinos. Tem gosto de melaço, textura de pele feminina roçando céus de bocas.
“Suor & Cio” condensa uma década de trabalho poético intenso e renovador de Artur Gomes. A eterna contradição entre o encurralado homem urbano e as delícias do pé no chão. O bom selvagem palpitando na jugular, forçando abertura da gravata do burocrata de Ipanema ou da corda no pescoço da malandro da Rocinha. É suor e cio mesmo. Mulheres e Mulheres passeiam pelo livro, figuras suaves como convém ao neolirismo, e o erotismo inevitável, neste tempos de tesão grandes e em série.
É uma boa ler a poesia de Artur Gomes numa tarde ensolarada de verão e depois guardá-la ao alcance da mão.
Sua poesia desperta toda a crocrodilice que a selva de pedra encerrou numa caixinha preta.
Pra conferir, o endereço para pedidos é: Rua Gomes Carneiro, 131801 – Ipanema – Rio de Janeiro – Cep 22071-800
Eloésio Paulo dos Reis
Alfenas – MG – outubro 1985
Obs.: este endereço acima foi meu lugar de repouso entre 1983 a 1987.
Under ground poemas mágicos Artur Grande sois Torquato Neto. Eu de Marte comemos o resto. Aplausos.
PS informo sua participação na caminhada poética Recife na minha voz.
Ayrton Santha Agatha
Recife – Setembro – 1986
O CORPO DA POESIA
para Artur Gomes
I
Seu semântico
sêmen
quântico
seu semeio
sêmen
esteio.
nos aceiros
assim e
pinci
pau
mente
assados.
nas moendas
assim
e parti
cu
lar
mente
assadas.
II
seu pênis poético
(caneta tinteiro
lápis grafite)
é tênis
atlético
a cada passada
por toda calçada
por todos os Campos
&
campus.
seu gozo é pôr
prazer.
III
E se a terra é escrava
a mulher é companheira
e se todas duas suam,
gemem, sabem
da rija verga da cana,
só você pode fazer
com cada uma
uma mágica
e tê-las como fecundas,
frutas, fibras, forças, fadas
e não só vê-las (solvê-las) absurdas,
frias, frágeis, soturnas, apáticas.
IV
É que o corpo da poesia
tem em si suor & cio
tem assim toque macio
e braveza de enxurrada.
Marco Valença
Itapuã – Salvador – Bahia
05 setembro – 1985
COM OS PÉS NO CHÃO
Atenção, você está diante de um bom poeta. Aqui a poesia é marca da vida. Da minha, da tua e da nossa vida. Nada de dar costas à realidade como fizeram os parnasianos de ontem e depois. Nada de escamoteá-la sob o delírio da transcendência, como fizeram os simbolistas. Nada subjugá-la a formalismos falsamente vanguardistas. Esta é, sim, uma poesia de testemunho de indignação e de amor a arte e ao ser humano. Suas vertentes? Poderíamos situá-las mais distantes em Castro Alves com seu ímpeto participante. Mais perto, nas tendências duradouras do modernismo brasileiro: Oswald de Andrade, com a irreverência e o humor; em Carlos Drummond de Andrade e especialmente em Manuel Bandeira, através do solidário envolvimento com o cotidiano.
“veja bem na minha língua as labaredas do inferno e só use o meu poema com a força de quem xinga”.
Adverte o poeta no conjunto intitulado “ O Dia em que o meu cavalo resolveu pintar as cores da bandeira”. A consciência de cidadão do terceiro mundo, da dependência econômica e do aviltamento cultural, impregna a palavra poética. O poema é dividido em vários segmentos, que podem também ser apreciados individualmente, em suas nuances formais e semânticas. No todo se destacam a insubmissão à tirania, à múltipla ironia, e o apelo a autenticidade.
Leia os poemas como quem ouve ou até mesmo em voz alta – você vai ter agradáveis surpresas. Há efeitos de ritmos e de sonoridade que assim se percebem melhor. Eles se associam a uma forte identidade do poeta com a cultura popular, presente também nos outros livros de sua autoria, sobre tudo O Boi-Pintadinho (1980) e Suor & Cio (1985). Sem esquecer de Jesus Cristo Cortador de Cana, todo escrito em linguagem de cordel (1979). Esta identidade com o popular se estende ao cotidiano. Em torno das palavras que o nomeiam ocorre uma certa ruptura da ordem, um certo embaralhar de sentidos que configuram bem a realidade urbana e a sua “desordem” reinante.
Tem a ver também, obviamente, com o contra-senso das situações, a exemplo da paisagem do Rio., carregada simultaneamente de poesia e de dramática miséria humana.
Por isso diz o poeta pungente:
“não bastaria toda poesia”
E o que mais é preciso? Ora, é necessário por os pés no chão, ser solidário, acreditar na força d palavra, carregá-la de sentido humano e batalhar pela sua justa partilha. Isso vem fazendo Artur Gomes, numa trajetória consistente, marcada por um lúcido compromisso som a poesia e com a sua difusão.
Ilha de Santa Catarina, 03 de junho – 1987
Alcides Buss- poeta e professor da Universidade Federal de Santa Catarina-SC
Artur Gomes
FULINAIMICAMENTE
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