terça-feira, 1 de outubro de 2024

com os dentes cravados na memória

Balbúrdia PoÉtica 5 

A Balbúrdia 1 e 2 foram realizadas na Taberna de Laura -  Copacabana – Rio de Janeiro. A Balbúrdia 3 foi realizada no Bistrô do Ernesto – Lapa – Rio de Janeiro – a Balbúrdia 4 será realizada na Patuscada – São Paulo – e a  Balbúrdia 5 – onde será?

São João Del Rey-MG, Campos dos Goytacazes-RJ?

 Tentem adivinhar.

 

Artur Gomes

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Com Os Dentes Cravados Na Memória

Mesmo com uma grande dor, provocada por um bico de papagaio que a décadas insiste em cantar na minha coluna, roubando-me as vezes a paciência, passei uma tarde de ontem super divertida no Auditório Miguel Ramalho em cia da equipe de Coordenação de Projetos de Audiovisual e Design Para Educação - Centro de Referência do IFF Campos Campus Centro.

Motivo do Encontro: um depoimento sobre os mais de 50 anos que Vivi no IFF desde os tempos de aluno no Ginásio Industrial na então ETC (Escola Técnica de Campos), de 1961 a 1964. Passando pelo período de 1968 a 1986 quando já servidor da ETFC(Escola Técnica Federal de Campos), trabalhei como Linotipista na Oficina de Artes Gráficas (Tipografia).

De 1975 a 1985 mesmo subvertendo a ordem natural vigente que direcionava a instituição, criei totalmente à revelia da direção na época, uma Oficina de Teatro, que se manteve subversiva até 1986 (pois era assim que os professores reacionários da época se referiam a atividade.

Nunca fui poeta de bons modos, bons costumes, e como os alunos da Oficina de Teatro, eram também alunos da ETFC, nos "anos de chumbo" onde o Diretor da instituição era escolhido pelo MEC, depois de algum curso na Escola Superior de Guerra, era normal que a minha atividade com Teatro dentro da Escola fosse tratada como Subversão.

Em 1986, acontece as primeiras "Eleições Diretas", nas Escolas Técnicas Federais e nas Universidades Federais, pós Ditadura. Na ETFC se elege Diretor o Professor de Matemática Luciano D´Angelo. Como desde 1980 o trabalho com a Oficina de Teatro havia ultrapassado os muros da cidade e ganhado as ruas de Campos, com o Auto do Boi-Pintadinho, Luciano então, me transfere da Tipografia para o Grupo de Atividades Culturais.

Em 1997 a ETFC já havia se transformado em CEFET, e com a nova LDB (Lei de Diretrizes e Bases), criada por Darcy Ribeiro, a Oficina de Teatro, como outras Oficinas de Arte que já existiam então passam a fazer parte da grade curricular para os alunos do Curso Técnico (nível médio). No período de 1997 a 2002 passo então a Coordenador da Oficina de Artes Cênicas, até a minha aposentadoria.

De 2011 a 2012 convidado pelo então Diretor do IFF Campos Campus Centro, Jefferson Manhães, volto a instituição para Dirigir Oficinas de Criação e Produção Cine Vídeo e crio o I Festival de Cinema Curta-IFF, realizado em 2012 no Auditório Cristina Bastos.

As 3 horas de bate papo e gravações foram poucas para narrar os períodos e os fatos em seus mínimos detalhes. Esperava que um dia, acompanhando e vivendo as transformações do IFF como acompanho, que esse depoimento viesse a acontecer, e esses 50 anos vividos ali dentro pretendo transformar no livro Com Os Dentes Cravados Na Memória, onde não só o que vivi dentro do IFF será contado, mas também muito da minha travessuras culturais por este país a fora.

Equipe da Coordenação de Projetos de Audiovisual e Design para Educação que trabalharam nas gravações: Larissa Vianna, Rodrigo Otal, Carlos Henrique Morelato e Lionel Mota.

 

Artur Gomes

Com Os Dentes Cravados na Memória

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uma cidade sem memória não é uma cidade

                           Federico Baudelaire

Campos precisa acordar para voltar a ser 

                                 Rúbia Querubim

tocar-te por dentro lentamente calmamente como quem morde a maçã na boca da serpente e uiva mastigando a carne como sobremesa

                                      Artur Kabrunco

o gosto da tua carne não conheço não me deste o endereço

                                   Federika Bezerra

transverso anjo avessso atravesso as artérias da cidade águas do paraíba emporcalhadas de esgotos

                                        Irina Serafina

como poesia devoro para matar a fome quando oro o prazer tem outro nome

                                          Artur Gomes 

absinto impossível te sentir mais do que já sinto

                              Pastor de Andrade

cidade veraCidade nossas angústias penduradas nos varais

                               Federika Lispector

 

viva a lira do delírio antropofágica paulistana metendo a língua desbragada nos bordéis de copacabana

                                            Lady Gumes

o delírio é a lira do poeta se o poeta não delira sua lira não concreta                                                

                                  Artur Fulinaíma

 

desde os tempos de moleque para descascar carne de manga faca facão canivete arma branca de pivete nos quintais da cacomanga

                            EuGênio Mallarmè  

não tenho papas na língua  nem pastor me come as coxas eu sou do mar da tempestade beira mar é quem   lambe  as minhas ostras

                                      Gigi Mocidade 

*

In Vampiro Goytacá Canibal Tupiniquim

Livro inédito de Artur Gomes – lançamento previsto para 2025

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Artur Gomes -  Poesia Afro Tupiniquim

Dia 4  novembro 9:30h

performance com poesia dos  livros Suor & Cio 1985 e O Homem Com A Flor Na Boca 2023 –

Ciep 147 – José do Patrocínio – Campos dos Goytacazes-RJ

 Artur Gomes é poeta ator produtor cultural - atua na Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima como Coordenador de Cultura e recentemente foi eleito para a Academia Campista de Letras para ocupar a cadeira 12 antes ocupada pelo professor Hélio de Freitas Coêlho

 

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Poeta Artur Gomes é eleito para cadeira 12 da Academia Campista de Letras

O último ocupante dessa cadeira foi o professor e ex-presidente da ACL Hélio de Freitas Coelho

*

 Os membros da Academia Campista de Letras (ACL) elegeram Artur Gomes, poeta, ator e produtor cultural, para ocupar a cadeira n. 12 da instituição, na noite de quinta-feira (3).

O último ocupante dessa cadeira foi o professor e ex-presidente da ACL Hélio de Freitas Coelho, tendo como patrono Heitor de Araújo Silva.

Candidataram-se como postulantes à vaga os escritores Diego Nunes Abreu, Ivan Vilela Júnior, Pedro Henrique Rodrigues Ribeiro, Thais de Souza Silva, Wedson Felipe Cabral Pacheco e Wesley Barbosa Machado.

As candidaturas, previamente analisadas pela comissão eleitoral (formada pelo presidente Ronaldo Junior, pelo segundo vice-presidente Carlos Augusto Alencar e pela Secretária Titular Sylvia Paes), foram deferidas e assim votadas: Artur Gomes obteve 15 votos, enquanto Pedro Henrique Ribeiro obteve 1 voto. Os demais não receberam votos.

A cerimônia de posse está marcada para ocorrer no sábado, dia 19 de outubro, às 16h, na sede da ACL, localizada no Jardim São Benedito.

 

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 Em 16 de dezembro de 2016 a convite do querido e saudoso amigo Hélio de Freitas Coêlho – então presidente da ACL  - Academia Campista de Letras, estreei  a performance poética  com os dentes cravados na memória  com a qual circulei pelo Brasil durante todo anos de 2017

 

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Adorei saber que Artur Gomes vai ocupar a cadeira n. 12 da Academia Campista de Letras. Que escolha acertada! Artur tem dedicado sua vida à poesia através de livros, vídeos, performances, saraus etc. É, sem sombra de dúvidas, um nome honroso para tão conceituada instituição cultural. Parabéns, admirado poeta e querido amigo Artur Gomes!


Joilson Bessa da Silva

 

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como bem disse Carlos Augusto e tantos outros também já disseram, minha trajetória é provocativa, sim, e continuará sendo não tenho motivos nem razões para que não seja

 

poesia me vem dos dentes

das unhas da língua da carne

dos nervos das fímbrias

dos músculos matéria métrica

metáfora dos ossos

em tudo por onde tocar

                     ainda posso

existem almas mansas

leves limpas calmas

e também as espíritos de porca

com a minha

e a de Federico Garcia Lorca

 

Artur Gomes

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Artur Gomes -  Fulinaimagens

a partir da criação da palavra fulinaíma foram intuitivamente surgindo uma série de palavras derivadas – quando me veio fulinaimagens no momento nem pensava em algum significante ou significado mas o tempo e as vivências foram aos poucos me trazendo a ideia da fulia de imagens pois  acho que cabe bem neste meu neologismo

 

Artur Gomes

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                    poema das invenções

fosse essa jura secreta
brazilírica fulinaimagem
mutações em pré-juizo
muito além da mesa posta
couro cru em carne viva
lambendo suor e cio
como corrente de rio
deságua no além mar
profana sagaraNAgem
nos gumes da carNAvalha
teu corpo em Maracangalha
fulinaimando comigo
agulha no meu umbigo
como uma faca nos dentes
a língua na flor da boca
em transitiva linguagem
ereto poema crescente
rasgando a carne no grito
o gozo nos nervos de dentro
roendo os ossos do mito

Artur Gomes
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SagaraNAgens Fulinaímicas não foi escrito por acaso

Em 1987 conheci pessoalmente, em Batatais-SP, a professora de Letras na UNESP de São José do Rio Preto-SP e pesquisadora, Hygia Calmon Ferreira, que me foi apresentada por Uilcon Pereira, através  de carta.

A partir de Batatais, nosso diálogo se intensificou, em 1998, a convite dela, fui a UNESP em São José do Rio Preto, falar sobre o teatro de Oswald de Andrade e fazer uma intervenção com os poemas do livro A Cor da Pele, do poeta mineiro Adão Ventura. Nesta ida a São José do Rio Preto, Hygia me leva para conhecer sua casa em Nova Granada-SP, onde guardava tudo que conseguiu em sua pesquisa sobre João Guimarães Rosa.

Havia montado com os alunos da Oficina de Teatro da ETFC, um espetáculo teatral com os poemas deste mesmo livro, uma referência aos 100 Anos da Abolição, que nunca foi concretizada no Brasil.

Hygia, em sua pesquisa sobre a obra de João Guimarães Rosa( mestre guima), para o seu doutorado, descobriu no escritório do escritor Plínio Doyle, no Rio de Janeiro, uma cópia datilografada do livro de poesia Magma, que havia sido premiado pela Academia Brasileira de Letras, e permanecia inédito. Teve então a ideia, de em sua defesa de tese, pedir publicamente a publicação do livro. E numa carta me pede reforço para tal com a criação de um poema.

 

A pedra & a rosa

p/ Hygia Calnon Ferreira

 

recebo tua carta

sereia do longe 7 beijos de areia

rondam marés criaturas o “magma” deve ser

público

princípio lúdico

poeta não se priva do povo

assim como a gema do novo

a simples clara do ovo

um beijo na escritura

poeta

é país

não é ilha

restrita a qualquer família

não pertence ao pó nem a filha

é

posta em mesa profana

para o banquete das letras

poema – linguagem humana

não se detém nas gavetas

 

Artur Gomes

 

*

 

Obs. Em 1992 este poema foi lido por Hygia Calmon Ferreira, no momento da sua defesa da tese de Doutorado: As 7 Sereias do Longe, sobre a obra de Guimarães Rosa, propondo a publicação do livro de poemas Magma, que as filhas do autor não permitiam ser editado. Alguns anos depois o Magma com os 94 poemas de Guimarães Rosa foi publicado pela editora Nova Fronteira



Neste mesmo ano de 1992, volto a UNESP de São José do Rio Preto, para difigir uma Oficina de Criação Poética, a convite da turma de estudantes de Letras, que há via conhecido em Batatais-SP, que me foram apresentados pela Hygia, entre elas Mariana de Piracicaba, para quem em 1990 escrevi o poema: ENTRE/Dentes

*

 Alguns anos depois escrevi este poema dedicado a ela

As 7 Sereias no Longe

     para Hygia Calmon Ferreira

 

nem veredas nem nonada

tudo DADA tudo ista

o poema nasce em mim

de forma bem imprevista

 

poema um beijo na boca

os olhos zuis como  lua

nós dois amantes da rua

comendo jabuticaba

no presépio Santo Antônio

em uma Nova Granada

 

nenhuma alma  presente

As 7 Sereias no Longe

As 7 musas - mar à vista

na febre do diamante

nas asas do continente

 

meto meu  metal  cateto

na carnal        hipotenusa

o poema arranha aranha na blusa

desconcerta a matemática

no roteiro dos 5 sentidos

“As 7 Sereias do Longe”

ainda cantam em meus ouvidos

 

Artur Gomes

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Em 2002 escrevi o poema 

SagaraNAGens Fulinaímicas

guima meu mestre guima

em mil perdões eu vos peço

por esta obra encarnada

na carne cabra da peste

da hygia ferreira bem casta

aqui nas bandas do leste

a fome de carne é madrasta

 

ave palavra profana

cabala que vos fazia

veredas em mais sagaranas

a morte em vidas severinas

tal qual antropofagia

teu grande serTão vou cumer

 

nem joão cabral severino

nem virgulino de matraca

nem meu padrinho de pia

me ensinou usar faca

ou da palavra o fazer

a ferramenta que afino

roubei do mestre drummundo

que o diabo giramundo

é o narciso do meu Ser

 

Artur Gomes

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Sagaranagens Fulinaímicas

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Em 1996 encenei com a bailarina Nirvana Marinho, a performance poética.teatral: Magma: O Planeta Onde O Poema Dança. Tinha perdido o contado com a Hygia depois que a partir de 1993, passei a usar correio eletrônico. Mas através do seu (irmão), professor Wagner Calmon Ferreira, soube que ela continuava suas pesquisas em São José do Rio Preto.

E Nirvana Marinho seguiu para Lion, onde foi concluir seus estudos em dança contemporânea, focados na obra da grande mestra  Pina Bausch.

 *

Em 2013 estava dirigindo Oficina de Produção Cine Vídeo, no SESC Campos, quando recebi o convite do Dr. Gino Bastos, para integrar o elenco do Circuito Cultural de Arte Entre Povos. Tinha estado em Bom Jesus do Itabapoana-RJ em 2012, fazendo intervenções com poemas de Pablo Neruda, a convite de Paula Bastos(irmã do Dr. Gino), e colega de trabalho no IFF.

Foi uma travessia por 13 cidades, do Estado do Rio, Espírito Santo e Minas Gerais, onde passamos pela cidade de Itaguara. Lá além de Oficina de Poesia, fiz algumas intervenções poéticas em espaço culturais da cidade, bem como em todas as outras cidades que passamos. Como em Pedra Dourada, também em Minas que me deixou saudades.

Em Itaguarera,  João Guimarães Rosa, viveu por 2 anos, depois que concluiu  curso de medicina em Belo Horizonte-MG e antes de escrever Grande Sertão Veredas. Itaguara mantém vivo, e muito bem cuidado um pequeno museu em homenagem a sua memória e a sua passagem por lá.

*

Em 2015, lanço em edição artesanal, (50 exemplares), produzido por um dos meus primeiros diretores de Teatro, Winston Churchil Rangel o livro SagaNAgens Fulinaímicas,  com prefácio de Tanussi Cardoso. Os  lançamentos acontecem no FDP em Campos dos Goytazes e em Bento Gonçalves-RS, na livraria do Maneco, durante a programação do Congresso Brasileiro de Poesia, com intervenções poétgicas minhas e da minha querida May Pasquetti. 

Em 2018 publico boa parte dos poemas do SagaraNAgens Fulinaímicas no livro Juras Secretas editado pela Penalux, e o poema ganha música de Reubes Pess.

 

Artur Gomes

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* 

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https://www.youtube.com/watch?v=Q3DCYBN14XQ

 

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